Fisioterapia na Saúde Pública







A saúde coletiva é um campo de produção de conhecimento e de intervenção profissional especializada, mas também interdisciplinar, onde não há disputa por limites precisos ou rígidos entre as diferentes escutas ou diferentes modos de olhar, pensar e produzir saúde.

Para entender o papel da fisioterapia na sociedade brasileira, quais são suas responsabilidades e quais são seus desafios, é necessário conhecer o perfil epidemiológico da população, ou seja, quais são as principais causas de morbidade e mortalidade da população. De maneira geral, a maioria dos países tem passado por um processo chamado de transição epidemiológica, definida como mudança nos padrões de morte, morbidade e invalidez, que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas

O profissional fisioterapeuta dentro de suas competências, e através de seus saberes, também está apto a colaborar na prevenção de doenças, quando atuando em outros níveis de atenção à saúde. Dessa maneira a Fisioterapia na saúde pública proporciona e estimula o controle de elementos que culminam no desenvolvimento da doença. Possuindo habilidades para desenvolver ações na atenção básica, tais como promoção e prevenção em saúde em diferentes grupos (mulheres, idosos, homens, crianças, gestantes), fornecendo orientações quanto a postura, conscientização e informações sobre saneamento básico, melhores condições de moradia, estimular hábitos de vida saudáveis, ações de controle de problemas cinético-funcionais, bem como estimular a participação da comunidade na saúde coletiva.

O fisioterapeuta pode desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde, no aspecto da saúde mental, com terapias em grupos, também estimulando a socialização, utilizando-se da cinesioterapia, atividades que estimulam o cognitivo, e a memória no caso de idoso.

Os serviços da Fisioterapia dentro do sistema de saúde pública no Brasil, podem-se fazer presentes na atenção primária, atuando nos Núcleos de assistência à Saúde da Família (NASF's), juntamente com as Equipes de Saúde da Família (ESF's); na atenção secundária, com serviços especializados em centros de reabilitação ou ambulatórios, que dispõem de ferramentas mais aprimoradas tecnologicamente; e na atenção terciária destacam-se nos ambientes hospitalares.


Cabe à fisioterapia uma releitura de seus fundamentos e análise de sua prática, com vistas a adaptar-se a essa realidade e contribuir para a mudança do quadro social e sanitário do país. Em consonância com os princípios propostos pelo modelo de vigilância à saúde, o fisioterapeuta deve ser inserido em outros níveis de atenção e desenvolver suas ações de acordo as diretrizes da territorialização e da adscrição de clientela.

O fisioterapeuta nos últimos anos vem sendo inserido na atenção primária e perdendo o perfil de profissional apenas reabilitador, podendo participar das equipes multiprofissionais destinadas ao planejamento, implementação, controle e execução de programas e projetos de ações em atenção básica de saúde. No entanto, essa função do fisioterapeuta ainda é pouco conhecida até mesmo entre os profissionais da saúde e pelos usuários de saúde.

A fisioterapia necessita romper com as barreiras do modelo biologicista-curativo em que sempre se apoiou e se aproximar da saúde coletiva, que valoriza o social como categoria analítica do processo saúde-doença e propõe novas formas de organização do setor saúde.

Não poderia finalizar esse texto sem falar da importância da formação profissional para consolidação do modelo de fisioterapia coletiva. O fisioterapeuta possui formação "reabilitadora", biologicista e pautada em princípios flexnerianos, o que condiciona as concepções e as práticas profissionais à fisioterapia reabilitadora.

Nesse sentido, a mudança na formação profissional, com a gradual substituição da ênfase curativo/reabilitadora para uma lógica promocional/preventiva, apresenta-se como condição indispensável à implementação de um novo modelo de atuação.

A formação deve incluir e valorizar os conhecimentos inerentes à saúde coletiva, ao SUS e às ciências sociais. e deve se estender ao grande contingente profissional em pleno exercício da profissão, com uma educação continuada e transformadora. Atualização é importante para estudantes e profissionais.


Até a próxima!



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