Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que são mais de 367 mil autorizações de internações hospitalares (AIH) ao ano, decorrentes de doenças respiratórias. Somadas, asma, pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), representam 12% de todas as internações no país, com gastos superiores a R$ 600 milhões por ano.
Esse tipo de fisioterapia pode receber quatro classificações básicas (ambulatorial, pediátrica, hospitalar e domiciliar). Tem como objetivo de liberar as vias respiratórias e aumentar a capacidade do corpo para expulsar secreções ou problemas que impeçam a correta ventilação e a atividade do pulmão.
Fisioterapia respiratória ambulatorial
Essa modalidade de fisioterapia é praticada em clínicas para tratar e aliviar doenças crônicas, como asma e as relacionadas com problemas cardíacos. Dependendo da orientação médica, ela pode ser realizada 1 ou 2 vezes por semana, por tempo indeterminado, até que a capacidade respiratória do paciente fique estabilizada.
Fisioterapia respiratória em pediatria
A fisioterapia respiratória é utilizada em pediatria para os casos de pneumonia e bronquiolite, com o objetivo de melhorar a troca gasosa, facilitando a respiração. Em bebês, as técnicas aplicadas são muito importantes, pois nessa fase o sistema respiratório ainda está em desenvolvimento, podendo ocorrer dificuldades para respirar.
Fisioterapia respiratória hospitalar
A fisioterapia respiratória hospitalar é realizada em hospitais quando o paciente se encontra internado e, muitas vezes, acamado. Nesse caso, é indicada a fisioterapia motora e respiratória no período de internamento. Dessa forma, mesmo que ele não apresente doença respiratória, deverá fazer pelo menos 1 sessão diária como prevenção ao aparecimento de doenças respiratórias e melhora da função pulmonar.
Fisioterapia respiratória domiciliar
A fisioterapia realizada em domicílio é importante para os pacientes que tiveram alta hospitalar e precisam se recuperar de transtornos respiratórios ou de ocorrências cardíacas, como o infarto.
Ela pode ser realizada de 1 a 2 vezes por semana, sob a orientação do fisioterapeuta em sistema home care. Para tanto, o profissional utiliza aparelhos que mobilizam a secreção, fluidificam e facilitam a sua retirada, como o nebulizador e o flutter. Além disso, eles costumam indicar a realização de exercícios que estimulem a respiração.
Fisioterapia respiratória na Prevenção de Doenças
A fisioterapia respiratória é uma excelente técnica utilizada para a prevenção de doenças em crianças e adultos. Em pediatria, ela facilita a saída da secreção, permitindo que a criança respire melhor e com menos esforço, diminuindo a tosse e o cansaço e favorecendo uma melhor qualidade do sono e alimentação.
Além disso, a fisioterapia promove a abertura das vias aéreas inferiores do pulmão que, muitas vezes, se fecham devido à inflamação dos brônquios. Nesse sentido, quando a técnica é realizada no início dos sintomas, elimina a necessidade de medicamentos orais ou injetáveis.
Os cardiopatas, clínicos ou cirúrgicos, também têm na fisioterapia uma importante aliada na recuperação, já que nas últimas décadas a reabilitação respiratória tem sido integrada como umas das principais formas terapêuticas para o tratamento da cardiopatia associada aos medicamentos e às mudanças de hábitos alimentares e comportamentais.
Exercícios respiratórios
- Respiração pelo diafragma
Funciona para fortalecer a expansão da base dos pulmões, e para a sua realização o paciente deve permanecer sentado, com o tronco inclinado cerca de 45º para trás, com as costas e a cabeça bem apoiadas, os joelhos dobrados e o abdômen relaxado, apoiando uma mão sobre este para perceber os movimentos respiratórios e controlar o exercício realizado.
Então, deve inspirar de forma lenta e profunda, para que se possa verificar a expansão da parede abdominal e a descida do diafragma. Em seguida, deve expirar o ar lentamente para que seja perceptível a contração da musculatura abdominal e a subida do diafragma. Essa é uma das técnicas que são utilizadas assim que se inicia o tratamento do paciente com problemas respiratórios.
- Sopros
Entre os exercícios existentes, um dos mais úteis para fortalecer a expiração é o sopro, que consiste na realização de inspirações profundas seguidas de expirações pela boca efetuadas com os lábios entreabertos, de modo a obstruir a saída do ar. Este exercício não deve ser efetuado muitas vezes seguidas, pois o excesso de oxigenação pode provocar enjoos e sensação de formigamento.
- Espirometria de estímulos
Esta técnica é indicada afim de fortalecer a capacidade inspiratória, sendo realizada com a ajuda de um espirômetro, que é um aparelho simples que avalia o volume de ar aspirado. Para isso o paciente deve colocar os seus lábios na abertura do espirômetro e inspirar o mais profundamente que conseguir.
A abertura está ligada a um tubo que deságua numa divisão de três compartimentos, com uma bola de plástico no interior de cada um deles. Quanto maior for o volume de ar inspirado, mais bolas sobem no interior do compartimento, ou seja, deve-se tentar fazer subir o maior número de bolas e mantê-las elevadas o máximo de tempo possível. Ao expirar, o paciente retira os seus lábios da abertura e as bolas descem.
- Exercícios intercostais
São indicados com a finalidade de aprender a controlar e fortalecer a expansão do tórax. Para a realização o paciente pode permanecer de pé ou sentado, apoiando as palmas das mãos sobre o tórax: durante a inspiração, deve efetuar uma ligeira pressão nas costelas, de modo a forçar e treinar os músculos inspiratórios e durante a expiração as mãos devem acompanhar o movimento de retração da cavidade torácica e no final, comprimi-la moderadamente com o objetivo de expulsar o máximo de ar possível.
Expulsão de secreções
- Percussão
Esse procedimento consiste na aplicação de uma série de ligeiros golpes sobre o peito e costas do paciente com o objetivo de favorecer a liberação das secreções brônquicas e a sua posterior expulsão para os brônquios principais. Esta prática ainda é mais benéfica quando também é realizada uma drenagem postural, pois assim as secreções libertas das distintas aéreas pulmonares circulam até aos brônquios principais, onde depois são expulsas até à cavidade bucal.
Os golpes devem ser realizados com as mãos dobradas em forma de concha, da periferia para o centro, durante três ou quatro minutos em cada aérea pulmonar. De modo a evitar incômodos no paciente, deve-se evitar golpear a zona renal, pois é muito sensível, colocando-se uma toalha sobre o corpo com intenção de suavizar o impacto.
- Tosse assistida
Existem vários procedimentos para desencadear a tosse ou fazer com que a mesma seja mais eficaz, de modo a conseguir a expulsão da expectoração. Efetuar uma inspiração profunda, seguida de pequenos sopros expiratórios alternados com breves pausas.
- Drenagem postural
Este procedimento consiste em adotar e manter posições corporais que favoreçam a drenagem das secreções graças a ação da gravidade. Na prática, pretende-se que a zona pulmonar a drenar fique acima dos brônquios principais.
Desta maneira, as secreções fluem passivamente, sendo depois expulsas através da boca. Por exemplo, para facilitar a drenagem da zona superior dos pulmões, o paciente deve permanecer sentado e quando as secreções têm a tendência para se acumularem na parte inferior, é necessário que o paciente se incline de forma que a cabeça fique num plano inferior ao resto do corpo.
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Atuação no COVID-19
A infecção por coronavírus (Covid-19) é uma doença infecciosa do trato respiratório altamente contagiosa e que pode causar disfunção respiratória, física e psicológica nos pacientes afetados. A insuficiência respiratória é a principal causa de morbimortalidade da doença; atualmente, ela é considerada a principal causa de morte da Covid-19, ao lado do choque séptico. Não à toa, a principal demanda da infecção pelo novo coronavírus é a de leitos de UTI e respiradores, dado o seu impacto respiratório.
Nas internações, o trabalho do fisioterapeuta começa com os primeiros cuidados com a administração de oxigênio, passa pela assistência em intervenções envolvendo intubação, ventilação mecânica e mudança de decúbito, e inclui ainda procedimentos para remoção de secreção brônquica e melhora da função respiratória.
No atendimento pós-hospitalar, ele é responsável por indicar exercícios e procedimentos terapêuticos para fortalecer a musculatura respiratória e periférica, tanto de quem acabou de sair da UTI quanto de quem está se recuperando em casa.
Para concluir
A fisioterapia respiratória é cada vez mais utilizada no tratamento e prevenção de doenças relacionadas às vias aéreas.
Os exercícios possibilitam a reaprendizagem do ato de respirar, a fim de utilizar maiores volumes, ampliando a capacidade pulmonar. Para tanto, o fisioterapeuta usa aparelhos específicos para retirar as secreções das vias respiratórias. Além disso, ele procura orientar sobre a realização de exercícios direcionados, com movimentos que favorecem os músculos do sistema respiratório.
A fisioterapia respiratória utiliza técnicas para o tratamento e a prevenção de doenças que afetam o sistema respiratório. Para tanto, os fisioterapeutas adotam exercícios que ajudam na expectoração e ampliação da capacidade pulmonar, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
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