Fisioterapia na lesão do Ligamento Cruzado Anterior







O Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é o segundo ligamento mais forte do joelho, com uma sobrecarga máxima por volta de 500lb. Na extensão externa, a banda antero-medial é afrouxada e a banda póstero-lateral tensionada. Com o aumento da flexão, há uma tensão da banda antero-medial e um aumento da frouxidão na banda póstero-lateral. O LCA evita a movimentação anterior da tíbia em relação ao fêmur e é responsável por 75% da força anterior na extensão completa, 87% a 30º de flexão, e 85% a 90º. O LCA é o principal estabilizador da translação anterior da tíbia em relação ao fêmur. Em conjunto com o LCP, o LCA limita a hiperextensao, a hiperflexao e a rotação interna.

As rupturas do LCA ocorrem com mais frequência durante esportes que exigem movimentos de torção, salto e pivô. Geralmente estas lesões ocorrem sem contato. O pé está no solo, o joelho está flexionado e, quando o atleta realiza uma súbita mudança de direção, uma força valga é aplicada ao joelho, com a parte inferior da perna em rotação externa, resultando em incapacidade imediata.

O mesmo mecanismo também ocorre em esportes de contato, como lesões que ocorrem no futebol americano e em lutas, quando o pé do atleta está no solo e ele é atingido na região póstero-lateral do joelho. Menos frequentemente, uma ruptura do LCA pode ocorrer com o joelho em hiperextensão e a perna em rotação interna. Esse tipo de lesão é raro em esportes individuais, exceto na ginástica e no esqui em declives. Quase todos os atletas que rompem o LCA serão incapazes de continuar praticando o esporte.

O atleta em geral precisará de ajuda para levantar-se, e a extensão total do joelho será difícil e dolorosa no dia seguinte, devido à extremidade do LCA, que estará presa ao lado de fora da incisura intercondilar, bloqueando a extensão.

No momento em que ocorrer a lesão o atleta poderá relatar ter ouvido um som de "estalido" muitas vezes podendo ser ouvido por outras pessoas que encontram-se nas proximidades do lesionado. Geralmente uma efusão é detectada horas após a lesão, o que indica a presença de hemartrose. Pessoas com lesões graves no LCA podem sentir dor repentina. Como descrito anteriormente normalmente ouve-se um "estalo" no joelho, causando um falseamento na articulação. Muitas vezes, após o trauma inicial, o indivíduo consegue sair andando, contudo isso não deve enganar o examinador.

O tempo que leva para retornar ao esporte depende parcialmente do estilo de vida do atleta e de suas metas, e parcialmente na filosofia de reabilitação do cirurgião. Independentemente de quando o atleta retornará, nos primeiros 2 ou 3 meses o jogo será desajeitado. O uso de um protetor após uma reconstrução do LCA não tem nenhum benefício comprovado e pode ser um estorvo desnecessário para o atleta.

Por se tratar de contração sem movimentação articular, a contração isométrica é muito recomendada para a recuperação pós-cirúrgica do LCA, por esta possibilitar um trabalho em um ângulo específico. Porém deve-se realizar contração em ângulos variados para suprir esta deficiência.

Na fase inicial de recuperação, o programa de fortalecimento tem bons resultados com a utilização de exercícios de contração isométricas do quadríceps; que devem ser realizadas de hora em hora, executando 10 repetições de 10 segundos, 10 vezes por dia.

Os exercícios isométricos são realizados sem movimento articular visível, a resistência varia para igualar a força aplicada. Em recuperação pós-cirúrgica do LCA, as elevações do joelho estendido, ou seja, com a perna reta nos quatro planos do movimento do quadril são exemplos de exercícios de contração isométrica. A elevação da perna em linha reta é um dos movimentos chaves para a reabilitação na lesão do joelho, porém, a desvantagem é que eles (exercícios isométricos) fortalecem apenas o ângulo em que está sendo recrutado, em virtude disso devem ser efetuados em vários ângulos, desde que não haja dor.

Como a contração isométrica não exige que a articulação se desloque, ela deve ser trabalhada em fases iniciais da recuperação pós-cirúrgica do LCA e também por não exigir um trabalho muscular tão intenso como a contração isotônica e autotônica.

O músculo do quadríceps deve ser trabalhado corretamente durante toda a fase de recuperação. Para que haja uma contração do quadríceps, o paciente deve deitar-se em decúbito dorsal ou ficar em pé com joelho extensão total do joelho afetado, contraindo assim os músculos do quadríceps.

Na fase inicial de recuperação, um exercício recomendado ao indivíduo é contrair os músculos anteriores da coxa (quadríceps), tentando empurrar a patela superiormente; mantém por cinco segundos, contraindo os músculos o mais firmemente possível; relaxa completamente a coxa; e repousa por dois segundos. Esse exercício pode ser realizado de pé, sentado ou deitado.

O responsável pela recuperação de uma reconstrução de LCA deve levar em conta sempre o trabalho multiangular. E vários autores corroboram desta opinião e ainda recomendam posições e formas de realização das contrações multiangulares.

Para a prescrição de exercícios para recuperação pós operatória de LCA é de fundamental importância programar e periodizar o treinamento, além de levar em consideração todas as variáveis envolvidas em qualquer prescrição de exercícios físicos. A avaliação constante também deve ser realizada a fim de realizar a correta evolução do treinamento, e consequentemente uma recuperação mais rápida e eficaz.



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