As lesões meniscais representam um desafio diagnóstico e terapêutico para fisioterapeutas que atuam no âmbito musculoesquelético, dada a complexidade anatômica e funcional dos meniscos, estruturas essenciais para a estabilidade, absorção de impacto e distribuição da carga articular no joelho. A avaliação fisioterapêutica correta é fundamental para um manejo clínico eficaz, especialmente quando se busca otimizar os resultados clínicos e retardar a progressão para patologias degenerativas.
Anatomia e Fisiologia dos Meniscos: Fundamento para Avaliação
Compreender a anatomia meniscal é o ponto de partida. O menisco medial e o lateral apresentam diferenças estruturais e funcionais importantes: o medial é mais fixo e suscetível a lesões por compressão e cisalhamento, enquanto o lateral é mais móvel, apresentando padrões diferentes de lesão. Essa diferenciação influencia diretamente os sintomas e o padrão clínico.
Além disso, a vascularização limitada, principalmente na zona interna (zona branca), condiciona a capacidade de cicatrização e a abordagem fisioterapêutica.
Anamnese Detalhada e Estratégica
Uma anamnese direcionada deve contemplar:
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Mecanismo da lesão: trauma rotacional associado a carga axial é clássico para rupturas meniscais, mas lesões degenerativas são comuns em populações mais velhas ou com histórico de sobrecarga crônica.
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Sintomas relatados: dor localizada na linha articular, episódios de “bloqueio” ou “travamento” do joelho, sensação de instabilidade secundária e limitação funcional nas atividades diárias ou esportivas.
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Histórico de tratamentos prévios: fisioterapia, cirurgias e uso de medicamentos podem modificar o quadro clínico e devem ser considerados na avaliação.
Exame Físico: Palpação e Inspeção Avançadas
A palpação da linha articular deve ser minuciosa, buscando pontos de dor e crepitações, que podem indicar lesões específicas (corno anterior, corpo ou corno posterior do menisco). A inspeção dinâmica deve avaliar o padrão de marcha e compensações, que podem sinalizar déficits musculares ou de controle motor.
Testes Específicos: Combinação para Precisão Diagnóstica
Os testes clínicos isolados possuem limitações em termos de sensibilidade e especificidade, por isso a combinação é essencial.
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Teste de McMurray: movimento combinado de flexão-extensão com rotação tibial para provocar sintomas, sendo importante executar com atenção para avaliar a qualidade do estalido e dor.
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Teste de Thessaly: avalia o joelho em carga com rotações, excelente para detectar lesões internas, especialmente em atletas.
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Teste de Apley: associado à compressão e distração, ajuda a diferenciar entre lesões meniscais e ligamentares.
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Testes adicionais: palpação da linha articular, avaliação da mobilidade articular e sinais de derrame são indispensáveis.
Avaliação Funcional e Instrumental
Além dos testes tradicionais, a avaliação funcional deve considerar:
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Força e resistência muscular do quadríceps, isquiotibiais e musculatura estabilizadora do joelho.
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Análise cinemática para detectar padrões compensatórios em movimentos funcionais, como agachamento, subida e descida de escadas, e saltos.
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Aplicação de escalas de dor e função como o IKDC (International Knee Documentation Committee) e a Lysholm Knee Scoring Scale, para mensurar o impacto da lesão na qualidade de vida.
Exames Complementares e Sua Interpretação
A ressonância magnética é o padrão-ouro para confirmação diagnóstica das lesões meniscais, permitindo a visualização do tipo, extensão e localização da lesão. Contudo, a indicação deve ser criteriosa, já que achados incidentalmente positivos podem ocorrer em pacientes assintomáticos.
Síntese para a Prática Clínica
A avaliação correta não se resume à aplicação dos testes, mas sim à integração dos dados clínicos, funcionais e imagiológicos para um diagnóstico diferencial preciso e o planejamento de um tratamento fisioterapêutico individualizado.
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