O ombro congelado, conhecido clinicamente como capsulite adesiva, é uma condição caracterizada pela rigidez progressiva e dor intensa que limita significativamente a amplitude de movimento da articulação glenoumeral. Essa patologia afeta principalmente adultos entre 40 e 60 anos e pode se desenvolver de forma primária (idiopática) ou secundária, associada a traumas, cirurgias ou doenças sistêmicas como diabetes mellitus.
Para o fisioterapeuta, compreender profundamente os mecanismos fisiopatológicos, identificar os estágios da doença e aplicar intervenções específicas são essenciais para promover a recuperação funcional do paciente e a melhora da qualidade de vida.
Fisiopatologia e Estágios do Ombro Congelado
A capsulite adesiva envolve um processo inflamatório seguido de fibrose da cápsula articular, especialmente nas regiões anterior e inferior, levando à restrição progressiva dos movimentos do ombro. A doença é classicamente dividida em três estágios:
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Estágio Congelante: Duração aproximada de 3 a 9 meses. Caracteriza-se por dor intensa, principalmente noturna, e início da limitação da mobilidade devido à inflamação ativa.
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Estágio Congelado: Pode durar de 4 a 12 meses. A dor tende a diminuir, mas a rigidez e a limitação da amplitude de movimento se tornam mais evidentes e incapacitantes.
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Estágio Descongelante: Período de 12 a 42 meses, onde ocorre uma melhora gradual da mobilidade e da função, com diminuição da fibrose e inflamação.
Avaliação Detalhada para Planejamento Terapêutico
A avaliação fisioterapêutica deve ser minuciosa para estabelecer o estágio da capsulite e direcionar as intervenções. Os principais componentes incluem:
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Anamnese: Investigação detalhada do início dos sintomas, evolução da dor, limitações funcionais e histórico médico geral.
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Avaliação da dor: Uso de escalas como EVA para monitorar intensidade e variações.
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Avaliação da amplitude de movimento (ADM): Medição ativa e passiva dos movimentos de flexão, abdução, rotação interna e externa do ombro, utilizando goniômetro para garantir precisão.
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Avaliação funcional: Aplicação de questionários específicos, como o DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand), para mensurar o impacto na qualidade de vida.
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Avaliação da força muscular: Testes manuais para identificar fraquezas e compensações musculares associadas.
Estratégias Fisioterapêuticas Baseadas em Evidências
O tratamento fisioterapêutico do ombro congelado é desafiador devido às características inflamatórias e fibrosantes da condição, exigindo uma abordagem que respeite a fase da doença e as respostas individuais do paciente.
Controle da Dor e Inflamação
Nas fases iniciais, o foco é o alívio da dor para permitir a progressão do tratamento. Modalidades como TENS, ultrassom terapêutico e crioterapia podem ser empregadas de forma criteriosa. A educação do paciente sobre a importância do controle da dor e da movimentação suave é fundamental para evitar o agravamento da rigidez.
Mobilização Articular e Alongamentos
A mobilização passiva e ativa-assistida, dentro dos limites toleráveis, deve ser iniciada de forma gradual para prevenir retrações capsulares e promover o ganho de ADM. Técnicas específicas, como mobilizações do tipo glenoumeral em distração e deslizamento posterior, têm respaldo na literatura para melhorar a mobilidade.
Exercícios de Fortalecimento e Reeducação Funcional
Com a melhora da dor e da mobilidade, inicia-se o fortalecimento dos músculos periarticulares, especialmente do manguito rotador e da musculatura escapular, para restabelecer a estabilidade dinâmica do ombro. Exercícios proprioceptivos e funcionais ajudam na reintegração do membro nas atividades diárias.
Uso de Recursos Complementares
Em alguns casos, a terapia manual combinada com técnicas de liberação miofascial e alongamentos neurais pode potencializar os resultados. A adesão ao programa domiciliar, com exercícios orientados e cuidados posturais, é crucial para o sucesso do tratamento.
Considerações Finais
O ombro congelado é uma condição que exige paciência, persistência e conhecimento técnico do fisioterapeuta para manejar corretamente cada fase e garantir a recuperação da amplitude e da função. A individualização do plano terapêutico, baseada em avaliação criteriosa e evidências científicas, é o diferencial para alcançar resultados consistentes.
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