A artroscopia de quadril tornou-se uma das principais abordagens cirúrgicas minimamente invasivas para o tratamento de diversas patologias intra-articulares, como lesões do labrum acetabular, impacto fêmoro-acetabular (IFA), sinovites e corpos livres articulares. Apesar de ser menos invasiva que a cirurgia aberta, a complexidade anatômica e biomecânica do quadril exige do fisioterapeuta uma reabilitação altamente individualizada e baseada em evidências.
Entendendo o Pós-Artroscopia: Por Que o Protocolo Não é Um Só?
A primeira grande armadilha é tratar todos os casos como iguais. O tipo de procedimento realizado (reparo labral, osteoplastia, sinovectomia ou microfratura) determina diretamente o ritmo e os objetivos da reabilitação.
Por exemplo:
- Reparos labrais exigem maior proteção nos primeiros 4 a 6 semanas, evitando flexão profunda, rotação excessiva e adução.
- Microfraturas exigem restrição de descarga de peso por pelo menos 6 semanas para permitir a formação adequada de fibrocartilagem.
A ausência de personalização no plano de tratamento é uma das maiores causas de insucesso clínico.
Fase 1 – Proteção Tecidual e Controle de Sintomas (Semanas 0 a 4)
O foco inicial deve ser:
✔ Controle de dor e edema (crioterapia, TENS de baixa frequência, drenagem manual).
✔ Mobilização passiva dentro de limites seguros: geralmente flexão até 90°, sem rotações extremas.
✔ Prevenção de atrofia com ativações isométricas precoces: glúteo médio, quadríceps, transverso do abdômen.
✔ Orientação sobre descarga de peso: parcial ou total, conforme prescrição médica.
Importante: Evite estiramento passivo do labrum e movimentos que promovam cisalhamento articular.
Fase 2 – Ganho de Mobilidade e Controle Motor (Semanas 4 a 8)
Aqui o fisioterapeuta deve trabalhar:
✔ Progressão gradual da amplitude de movimento.
✔ Início de mobilização ativa e ativa-assistida.
✔ Foco em exercícios de estabilidade lombo-pélvica e fortalecimento de músculos estabilizadores de quadril.
✔ Início de treino de marcha: atenção ao padrão de descarga, evitando Trendelenburg.
Técnicas manuais para mobilidade capsular podem ser incluídas com cautela.
Fase 3 – Fortalecimento Funcional e Propriocepção (Semanas 8 a 12)
Neste estágio, o paciente já apresenta melhor tolerância à carga e menos dor.
✔ Exercícios de cadeia cinética fechada: mini agachamentos, step-ups, leg press com carga controlada.
✔ Treino de equilíbrio em bases instáveis.
✔ Trabalho de resistência e força com elásticos e pesos leves.
✔ Introdução de padrões funcionais de movimento.
O controle do valgo dinâmico e da rotação interna excessiva deve ser uma prioridade.
Fase 4 – Reintegração Funcional e Esportiva (Após 12 semanas)
✔ Exercícios pliométricos, se for o caso.
✔ Corrida em esteira antigravitacional, se disponível.
✔ Retreinamento neuromuscular para agilidade e potência.
✔ Avaliação criteriosa com testes de força isocinética, salto unipodal, Y-Balance Test e questionários funcionais como o HOOS (Hip disability and Osteoarthritis Outcome Score).
O retorno ao esporte só deve ser autorizado com critérios objetivos bem definidos.
Atenção: Monitoramento Contínuo
Durante toda a reabilitação, é fundamental monitorar sintomas como dor residual, rigidez articular ou déficits de força persistentes. O fisioterapeuta deve trabalhar em comunicação direta com o cirurgião para adaptar o protocolo conforme necessário.
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